Eu sou um rapaz sorteiro
mais eu num sei pruqui é
qui as moça num me qué
eu vivo nessa agonia
quis me casar cum Maria
mas Maria num me quis
todo rapaz tem dereito
de recebê um carim
só eu que vivo sozim
nessa peleja infeliz
Me incabulo quando chego
num danado dum forró
tento arranjá um xodó
fico pra lá e pra cá
veno as moçona passar
da sala pro pavião
chamo uma pra dançar
ela diz já tô chamada
vou chamar outra danada
ela diz eu mermo não
Quando eu chego num lelão
dano o diabo a rematá
é seiveja é guaraná
pra todo mundo bebê
só oiço gente dizer
aí é gente da gente
quando lelão se termina
ninguém me conhece mais
eu sô quem fico pra traz
e a dispezona na frente
Inventei de ser canidato
mode ser veriador
pro povo que me apoiou
paguei rezisto e retrato
me iludí com buato
daquele povo judeu
com gasolina e pineu
gastei mais de cem milhão
no dia da inleição
só quem voto neu foi eu
Se vô caçar nada acho
se acho depressa perdo
em tudo eu nasci esquerdo
meu destino é cambalacho
se ligo ninguém me liga
se casso paz acho briga
se brigo sô quem apanho
se impresto não recebo
inté na água que bebo
eu sinto um sabor estranho
Meus amigo eu sô tão mole
qui um dia tomei prano
de sair mais os cigano
pra ver qui sorte era a minha
Ah! meu camaradinha
sabe o que aconteceu?
achei da falá namoro
a uma cigana casada
e ela disse zangada
vô já dizer a Rumeu.
Ela foi e disse mermo
cum pouco Rumeu chegou
aimou o braço e danou
no tronco do meu uvido
eu caí irmuricido
qui a tapa foi infiliz
só via chegar cigano
dano razão a Rumeu
e Rumeu prucima deu
só saiu quando bem quiz
Mas quando mim levantei
num mim portei cum pueira
disparei numa carreira
qui nem ispiei pra traz
mais cuma é qui um rapaz
é mole assim cuma eu
hoje se vejo cigano
fico todo me tremeno
num é cum medo é temeno
de mim contrar cum Rumeu.
Poeta Francisco Alves de Araújo
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